Também denominado como Pós-Estruturalismo.
3 contribuições importantes para a Teoria de Relações Internacionais:
- a problematização da soberania do Estado (é uma crítica do Estado soberano por razões materiais e normativas).
- a problematização da oposição soberania/anarquia (é uma desconstrução de uma oposição fundamental em Teoria de RI).
- teorização da constituição histórica e reconstituição de Estados soberanos (análise genealógica de como os Estados são reproduzidos como modelo principal de subjetividade nas RI’s).
A combinação de crítica, desconstrução e genealogia é como o pós-modernismo tem aberto o estudo das RI’s à uma auto-reflexão rigorosa; e avançado a compreensão de temas importantes.
Rejeitam a possibilidade de conhecer o mundo e, portanto ‘teorizar’ sobre ele. Em seus termos, de elaborar “metanarrativas”.
Os pós-modernos desconfiam de todas as tentativas de classificação, de toda as categorizações e de todos os esforços para encontrar verdades universais, um empreendimento que consideram incompatível com a ‘alteridade’, a abertura, a pluralidade, a diversidade e a diferença em todas as dimensões da vida social, que defendem.
Postura anticientífica. O que se pode analisar são os ‘textos’ ou discursos.
As práticas narrativas e sociais estão intrinsecamente conectadas.
A desconstrução não é um ‘método’. A desconstrução consiste em problematizar os significados que o próprio autor atribui ao seu texto, propondo leituras alternativas (‘leitura dupla’).
A identificação e problematização de ‘oposições binárias’, explícitas ou implícitas, nos textos, é também comum nas análises de discurso pós-modernas.
Outro ‘método’ é a análise genealógica (Foucault). Põe ênfase na singularidade dos acontecimentos, assim como nos ‘discursos silenciados’.
Os pós-modernos costumam identificar e problematizar dicotomias como soberania/anarquia, dentro/fora, identidade/diferença, inclusão/exclusão, universalidade/particularidade, que são as que aparecem com mais frequência.
A reinterpretação (desconstrutivista ou genealógica) de autores como Tucídides e Maquiavel, demonstra que a conexão entre esses autores e co realismo/neo-realismo contemporâneo é mais fraca do que se afirma.
Para os pós-modernos, somente por intermédio dos textos podemos ter acesso ao mundo.
As análises substantivas sobre instituições e acontecimentos internacionais são também concebidas como análises de textos.
- a ‘instituição diplomática’ = ‘tecno-diplomacia’ (atual) ou ‘mito-diplomacia’ (o papel dos anjos na mediação entre o homem e Deus).
As fontes não recebem distinção (podem ser de ficção ou reais).
Muitas análises são engenhosas e incisivas. Servem, além do mais, ao objetivo de colocar em dúvida a coerência e os fundamentos dos pressupostos dos discursos que analisam. Permitem incrementar o conhecimento sobre relações internacionais.
O problema dos pós-modernos é que as interpretações que fazem não são mais sólidas do que as que rejeitam, posto que não há uma interpretação mais válida do que outra (como não há uma fonte de conhecimento mais válida do que outra). Suas críticas não estão (e nem podem estar) acompanhadas de alternativas às análises ‘ideológicas’ dominantes.
Esse relativismo dos pós-modernos (coerente com seus ataques à racionalidade e à possibilidade de alcançar um conhecimento científico objetivo), é o que mais suscita críticas por parte da ‘academia convencional’, que questiona a capacidade destes enfoques de proporcionar explicações substantivas de acontecimentos internacionais, tem apontado seu conservadorismo latente (em contradição com seus manifestos objetivos emancipatórios) e questionado o tom e estilo vácuo de boa parte de sua produção.
Os pós-modernos não perguntam ‘O QUÊ’, perguntam ‘COMO’.
Afirmam os pós-modernos que toda ‘verdade’ é afirmação de uma posição de ‘poder’ (e reflete estruturas de dominação que pretendem, por meio do discurso científico, apresentar-se como neutras e naturais).
Distanciam-se dos outros pós-positivistas porque rejeitam a busca de novas fundações para o conhecimento, sobre os quais basear nossas análises do real e nossos julgamentos sobre o que é justo e o que não é.
O questionamento dos pressupostos (considerados como ‘dados’ no Positivismo) é uma das principais contribuições para redefinição da área.
Os dados em si mesmos não possuem significado além daquele que os sujeitos que os estudam o atribuem.
A interpretação é mais importante que o dado empírico.
O esforço teórico pós-moderno se volta para a análise das próprias teorias, seus temas, metodologias e pressupostos.
A afirmação de Waltz de que “Um Estado, é um Estado, é um Estado” (algo existe, é válido, e não precisa ser explicado), é um indicador claro de que sua teoria conceitua o Estado como uma unidade analítica estável e não-sujeita a discussões sobre o que seria (de fato) o Estado, como querem os críticos.
3 pontos centrais do argumento pós-moderno sobre o lugar das RI’s na política moderna:
- contribuem para a construção da visão de mundo que separa o doméstico do internacional.
- produção do discurso de soberania.
- formulação do discurso da anarquia (como uma esfera de incerteza, violência e repetição, que se contrapõe ao discurso do sentido, da cooperação e do progresso na esfera doméstica do Estado).
Para Michel Foucault, toda forma de dominação depende de uma articulação entre CONHECIMENTO e PODER. O poder precisa do conhecimento para operar, e o conhecimento é produzido no âmbito das redes de poder.
Dizer que a ciência é neutra serve à necessidade do poder de esconder suas origens, ocultar a ilegitimidade que ronda sua fundação.
Para Foucault, não podemos separa o mundo das idéias da realidade material, as teorias das práticas que as confirmam, o império da razão do reino violência.
O intuito da desconstrução é questionar as dicotomias nas quais as teorias dominantes se baseiam para construir sua representação da política mundial: anarquia/soberania, guerra/paz, cidadão/estrangeiro, identidade/diferença, idéias/interesse, etc.
Essas dicotomias contrapõem pólos opostos cujo sentido só pode ser interpretado quando ambos estão justapostos. (Vale ressaltar que um pólo é sempre superior ao outro).
Ao desconstruir o discurso do Estado soberano, o Estado fica despido de sua subjetividade estável, homogênea e unitária, questionando o próprio fundamento sobre o qual estão sustentadas essas qualidades.
A leitura (interpretação) realista de clássicos como Tucídides, Maquiavel e Hobbes é uma tentativa de estabelecer uma linhagem intelectual que dê credibilidade aos pressupostos realistas.
A estratégia da desconstrução quer propor uma leitura alternativa desses textos, ao mesmo tempo em que subverte a ortodoxia realista.
Para os pós-modernos a realidade objetiva não é acessível aos seres humanos e, nesse sentido, não existe. O que existe são representações do real que aspiram ao status de verdade, mobilizando símbolos e discursos para produzir um efeito de realidade que, se legitima por meio do poder/conhecimento.
Nenhuma descrição da realidade (ou análise), pode reivindicar um caráter de inquestionável e absoluto.
Para os pós-modernos as palavras podem assumir uma diversidade de significados.
Jacques Derrida: “não há nada fora do texto”. A realidade deve ser entendida como um texto produzido por meio de práticas textuais e discursos, interessadas em criar sistemas de significados e valores que orientem a ação política.
Os críticos pós-estruturalistas (pós-modernos) se concentram nas práticas discursivas empregadas na produção das grandes narrativas sobre as relações internacionais, pois são elas que conferem certo significado, por exemplo, á anarquia.
O esforço da análise volta-se para a interpretação de textos, uma vez que é por meio deles que o mundo é descrito, discursivamente, pelas teorias dominantes.
Torna-se cada vez mais difícil sustentar o desinteresse e a neutralidade científica das teorias dominantes no ordenamento hegemônico das relações internacionais.
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