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Pós-Modernismo

maio 8, 2009

 Também denominado como Pós-Estruturalismo. 

 3 contribuições importantes para a Teoria de Relações Internacionais: 

  1. a problematização da soberania do Estado (é uma crítica do Estado soberano por razões materiais e normativas).
  2. a problematização da oposição soberania/anarquia (é uma desconstrução de uma oposição fundamental em Teoria de RI).
  3. teorização da constituição histórica e reconstituição de Estados soberanos (análise genealógica de como os Estados são reproduzidos como modelo principal de subjetividade nas RI’s).

 A combinação de crítica, desconstrução e genealogia é como o pós-modernismo tem aberto o estudo das RI’s à uma auto-reflexão rigorosa; e avançado a compreensão de temas importantes.

 Rejeitam a possibilidade de conhecer o mundo e, portanto ‘teorizar’ sobre ele. Em seus termos, de elaborar “metanarrativas”.

 Os pós-modernos desconfiam de todas as tentativas de classificação, de toda as categorizações e de todos os esforços para encontrar verdades universais, um empreendimento que consideram incompatível com a ‘alteridade’, a abertura, a pluralidade, a diversidade e a diferença em todas as dimensões da vida social, que defendem.

 Postura anticientífica. O que se pode analisar são os ‘textos’ ou discursos.

 As práticas narrativas e sociais estão intrinsecamente conectadas.

 A desconstrução não é um ‘método’. A desconstrução consiste em problematizar os significados que o próprio autor atribui ao seu texto, propondo leituras alternativas (‘leitura dupla’).

 A identificação e problematização de ‘oposições binárias’, explícitas ou implícitas, nos textos, é também comum nas análises de discurso pós-modernas.

 Outro ‘método’ é a análise genealógica (Foucault). Põe ênfase na singularidade dos acontecimentos, assim como nos ‘discursos silenciados’.

 Os pós-modernos costumam identificar e problematizar dicotomias como soberania/anarquia, dentro/fora, identidade/diferença, inclusão/exclusão, universalidade/particularidade, que são as que aparecem com mais frequência.

 A reinterpretação (desconstrutivista ou genealógica) de autores como Tucídides e Maquiavel, demonstra que a conexão entre esses autores e co realismo/neo-realismo contemporâneo é mais fraca do que se afirma.

 Para os pós-modernos, somente por intermédio dos textos podemos ter acesso ao mundo.

 As análises substantivas sobre instituições e acontecimentos internacionais são também concebidas como análises de textos.

  • a ‘instituição diplomática’ = ‘tecno-diplomacia’ (atual) ou ‘mito-diplomacia’ (o papel dos anjos na mediação entre o homem e Deus).

 As fontes não recebem distinção (podem ser de ficção ou reais).

 Muitas análises são engenhosas e incisivas. Servem, além do mais, ao objetivo de colocar em dúvida a coerência e os fundamentos dos pressupostos dos discursos que analisam. Permitem incrementar o conhecimento sobre relações internacionais.

 O problema dos pós-modernos é que as interpretações que fazem não são mais sólidas do que as que rejeitam, posto que não há uma interpretação mais válida do que outra (como não há uma fonte de conhecimento mais válida do que outra). Suas críticas não estão (e nem podem estar) acompanhadas de alternativas às análises ‘ideológicas’ dominantes.

 Esse relativismo dos pós-modernos (coerente com seus ataques à racionalidade e à possibilidade de alcançar um conhecimento científico objetivo), é o que mais suscita críticas por parte da ‘academia convencional’, que questiona a capacidade destes enfoques de proporcionar explicações substantivas de acontecimentos internacionais, tem apontado seu conservadorismo latente (em contradição com seus manifestos objetivos emancipatórios) e questionado o tom e estilo vácuo de boa parte de sua produção.

Os pós-modernos não perguntam ‘O QUÊ’, perguntam ‘COMO’.

Afirmam os pós-modernos que toda ‘verdade’ é afirmação de uma posição de ‘poder’ (e reflete estruturas de dominação que pretendem, por meio do discurso científico, apresentar-se como neutras e naturais).

Distanciam-se dos outros pós-positivistas porque rejeitam a busca de novas fundações para o conhecimento, sobre os quais basear nossas análises do real e nossos julgamentos sobre o que é justo e o que não é.

O questionamento dos pressupostos (considerados como ‘dados’ no Positivismo) é uma das principais contribuições para redefinição da área.

Os dados em si mesmos não possuem significado além daquele que os sujeitos que os estudam o atribuem.

 A interpretação é mais importante que o dado empírico.

 O esforço teórico pós-moderno se volta para a análise das próprias teorias, seus temas, metodologias e pressupostos.

 A afirmação de Waltz de que “Um Estado, é um Estado, é um Estado” (algo existe, é válido, e não precisa ser explicado), é um indicador claro de que sua teoria conceitua o Estado como uma unidade analítica estável e não-sujeita a discussões sobre o que seria (de fato) o Estado, como querem os críticos.

 

3 pontos centrais do argumento pós-moderno sobre o lugar das RI’s na política moderna: 

  1. contribuem para a construção da visão de mundo que separa o doméstico do internacional.
  2. produção do discurso de soberania.
  3. formulação do discurso da anarquia (como uma esfera de incerteza, violência e repetição, que se contrapõe ao discurso do sentido, da cooperação e do progresso na esfera doméstica do Estado).

 

Para Michel Foucault, toda forma de dominação depende de uma articulação entre CONHECIMENTO e PODER. O poder precisa do conhecimento para operar, e o conhecimento é produzido no âmbito das redes de poder.

 Dizer que a ciência é neutra serve à necessidade do poder de esconder suas origens, ocultar a ilegitimidade que ronda sua fundação.

 Para Foucault, não podemos separa o mundo das idéias da realidade material, as teorias das práticas que as confirmam, o império da razão do reino violência.

 O intuito da desconstrução é questionar as dicotomias nas quais as teorias dominantes se baseiam para construir sua representação da política mundial: anarquia/soberania, guerra/paz, cidadão/estrangeiro, identidade/diferença, idéias/interesse, etc.

 Essas dicotomias contrapõem pólos opostos cujo sentido só pode ser interpretado quando ambos estão justapostos. (Vale ressaltar que um pólo é sempre superior ao outro).

 Ao desconstruir o discurso do Estado soberano, o Estado fica despido de sua subjetividade estável, homogênea e unitária, questionando o próprio fundamento sobre o qual estão sustentadas essas qualidades.

 A leitura (interpretação) realista de clássicos como Tucídides, Maquiavel e Hobbes é uma tentativa de estabelecer uma linhagem intelectual que dê credibilidade aos pressupostos realistas.

 A estratégia da desconstrução quer propor uma leitura alternativa desses textos, ao mesmo tempo em que subverte a ortodoxia realista.

 Para os pós-modernos a realidade objetiva não é acessível aos seres humanos e, nesse sentido, não existe. O que existe são representações do real que aspiram ao status de verdade, mobilizando símbolos e discursos para produzir um efeito de realidade que, se legitima por meio do poder/conhecimento.

 Nenhuma descrição da realidade (ou análise), pode reivindicar um caráter de inquestionável e absoluto.

 Para os pós-modernos as palavras podem assumir uma diversidade de significados.

 Jacques Derrida: “não há nada fora do texto”. A realidade deve ser entendida como um texto produzido por meio de práticas textuais e discursos, interessadas em criar sistemas de significados e valores que orientem a ação política.

 Os críticos pós-estruturalistas (pós-modernos) se concentram nas práticas discursivas empregadas na produção das grandes narrativas sobre as relações internacionais, pois são elas que conferem certo significado, por exemplo, á anarquia.

 O esforço da análise volta-se para a interpretação de textos, uma vez que é por meio deles que o mundo é descrito, discursivamente, pelas teorias dominantes.

 Torna-se cada vez mais difícil sustentar o desinteresse e a neutralidade científica das teorias dominantes no ordenamento hegemônico das relações internacionais.

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Entenda a Sociedade Anárquica de Hedley Bull

outubro 10, 2008

por Douglas Armendone

Dizer que as coisas estão em ordem é afirmar que elas estão relacionadas entre si de acordo com uma certa estrutura; que a sua relação recíproca não é fruto meramente casual, mas contém algum princípio discernível. É o caso de uma fileira de livros em uma estante.

A ordem que se procura na vida social é um arranjo que promova metas e valores, servindo assim a um objetivo. Ordem é necessariamente um conceito relativo, ou seja, um conceito relacional.

anarchy or chaos?

Todas as sociedades têm objetivos gerais quaisquer que sejam as suas metas particulares. O primeiro é a garantia da vida (sobrevivência); o segundo é a verdade (garantia de que as promessas sejam cumpridas); e o último é a estabilidade da posse (propriedade). Assim, na vida social a ordem é um padrão de atividade humana que sustenta os seus objetivos elementares, primários ou universais.

A ordem internacional refere-se a um padrão ou disposição das atividades internacionais que sustentam os objetivos elementares. Esses objetivos são, em primeiro lugar, a preservação do próprio sistema e da sociedade de Estados. Em segundo, o objetivo de manter a independência ou a soberania externa dos Estados individuais. Em terceiro lugar está objetivo de manutenção da paz. E em quarto lugar estão os objetivos comuns a toda vida social: vida, verdade e propriedade.

Bull afirma que a ordem mundial é diferente da ordem internacional. A ordem mundial é mais ampla que a ordem internacional porque para que se faça sua descrição é necessário que se trate não só da ordem entre os Estados, mas também da ordem em escala interna ou local existente dentro de cada Estado. A ordem mundial precede moralmente a ordem internacional.

more chaos...Sustenta-se, em geral, que a existência da sociedade internacional é desmentida em razão da anarquia. Esse argumento não se sustenta porque mesmo na ausência de governo pode haver uma certa ordem. O Estado é único, e uma de suas particularidades é que garante a possibilidade de formarem uma sociedade sem governo.

As tradições hobbesiana (realista), Kantiana (universalista) e a grociana (internacionalista) competem entre si. Cada um desses modelos tradicionais incorpora uma descrição da natureza da política internacional e um conjunto de prescrições sobre a conduta dos Estados.

A chamada tradição grociana coloca-se entre o realismo de Hobbes e o idealismo de Kant. Ela aposta na possibilidade de cooperação e não na guerra sem tréguas ou na paz perpétua. Acredita em coordenação, ou seja, a partilha de interesses e valores comuns entre os Estados. É uma mescla de conflito e cooperação, advinda da possibilidade de canalizar interesses que nem sempre se excluem.

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A validade da abordagem pós-estruturalista de Shapiro

setembro 5, 2008

No MENU de hoje…

SHAPIRO e a ABORDAGEM PÓS-ESTRUTUALISTA

  • Há coerência em afirmar que a política global deve ser tratada como um texto?
  • Tentarei relacionar a construção de Estados Nacionais à produção cinematográfica. Além de ilustrar o argumento com exemplos a fim de ressaltar a validade da abordagem pós-estruturalista de Shapiro.

 Sim, há coerência em afirmar que a política global deve ser tratada como um texto. Podemos apreciar a relação intima entre práticas textuais e política quando damos reconhecimento adequado aos textos em que o mundo emerge e provido um entendimento da política que foca nessas imposições de significado e valor. São as práticas textuais dominantes e sobreviventes que originam os sistemas de significado e valor dos quais as ações e políticas são dirigidas e legitimadas.

Se um dado aspecto da realidade social é uma questão de contenção ou é tido como natural e não-problemático, o significado é sempre imposto, não descoberto, uma vez que o mundo familiar não pode ser separado das práticas interpretativas através das quais ele é feito.

Por exemplo, se referir à “América Latina” não significa somente se referir a uma área no globo, é ajudar a reproduzir uma forma institucionalizada de dominação, na qual a minoria, parte Hispânica da população na região controla os grupos indígenas originais. Até mesmo o uso do nome de uma nação reconhecida é um gesto político (o autor cita a Guatemala), onde o indivíduo se deixa conduzir pelo modo de representação geopolítico prevalecente.

Textualizar um âmbito de análise é reconhecer que qualquer “realidade” é mediada por um modo de representação e; que as representações não são descrições de um mundo de faticidade (‘facticity’), mas são modos de fazer faticidade. Os modos de análise textualista ou pós-estruturalista enfatizam o “discurso” ao invés da linguagem. O conceito de discurso implica numa relação com práticas produtoras de significado e valor na linguagem ao invés de estritamente a relação entre formas de expressão e seus referentes.

Entender o mundo como mediado por práticas textuais significa encorajar modos de questionamento e inquirição que não são familiares dentro de caminhos mais tradicionais (empírico e interpretativo). Shapiro afirma que a própria análise é uma prática textual.

O Cinema, por exemplo, funciona como “Diplomacia de Hollywood”. Cinema é muito mais do que contar estórias. Em muitas produções norte-americanas, os vilões são latino-americanos traficantes, árabes terroristas e asiáticos tiranos. Bom exemplo é o conjunto dos filmes do agente 007, recordistas de bilheteria. Essa “leitura dupla” (ou alternativa) das produções cinematográficas não é exclusividade dos pós-modernos. Hans Morgenthau sustenta em uma de suas premissas do Realismo que a política é autônoma de outras esferas e que nada é mais importante do que a política, sendo ela o único fim; Maquiavel em “O Príncipe” fala da amoralidade da política. O que se observa é que o Cinema está se valendo dessas premissas. Em tempos onde a censura faz a censura de seu próprio poder, tudo vale em prol da arte. Os fins justificam os meios! Cinema e artes são amorais, mas como toda ação gera uma reação é importante estabelecer controles. O mesmo Morgenthau afirmou que na luta pelo poder, além da Política de Imperialismo e Status Quo, a Política de Prestígio tornou-se uma arma política particularmente importante em um período em que a luta pelo poder é travada não somente mediante o recurso de métodos tradicionais de pressão política e força militar, mas também, em larga medida, como um combate pela conquista das mentes dos homens (manipulando avaliações). O grupo acredita que esses argumentos ditos realistas têm características da “corrente” pós-moderna, pois como eles próprios afirmam, a leitura (interpretação) realista de Clássicos como Tucídides, Maquiavel e Hobbes é uma tentativa de estabelecer uma linhagem intelectual que dê credibilidade aos pressupostos realistas.

Os pós-modernos desconfiam de todas as tentativas de classificação, de todas as categorizações e de todos os esforços para encontrar verdades universais; um empreendimento que consideram incompatível com a alteridade, a abertura, a pluralidade, a diversidade e a diferença em todas as dimensões da vida social. Através da difusão dos chamados valores universais e o apoio da mídia, tem crescido ainda mais a utilização da indústria cultural como instrumento da grande diplomacia. Este fenômeno é extremamente preocupante, seja para a cultura Ocidental, para as relações internacionais, ou para os povos visados por este tipo de produção e pelos interesses político-econômicos que lhe dão suporte, e de modo claro, as influências e determinismos na construção de Estados Nacionais.

A mobilização constante da política externa como prática de produção de perigo e diferença assume lugar central na reprodução do Estado como o local da realização da identidade política e de legitimação da exclusão de subjetividades alternativas que não se ajustem ao regime dominante de poder/conhecimento (Foucault).

Sabe-se que toda verdade é afirmação de uma posição de poder e reflete estruturas de dominação que pretendem, por meio do discurso cientifico, apresentar-se como neutros e naturais. Por isso, a desconstrução trabalha com o intuito de questionar as dicotomias (anarquia/soberania; guerra/paz; cidadão/estrangeiro; identidade/diferença; idéias/interesses; etc) nas quais as teorias dominantes se baseiam para construir sua representação da política global.

Paulo Vizentini, em artigo no site Terra, fala de como é surpreendente como em plena era da informática, milhões de pessoas se deixam levar por uma construção virtual que encobre a realidade, sentindo-se particularmente atraídas pelo idealizado e exótico. E que na luta enérgica contra o terrorismo tem-se esquecido, porém, de lutar contra o terrorismo intelectual. Esse, supracitado, que quase imperceptivelmente adentra as mentes humanas é tão perigoso quanto todas as formas mais alardeadas.

Os desenhos animados também devem ser notados como fonte diplomática e idealizadora. Sobretudo, se relacionam com crianças – matérias-primas -, olhos atentos e absorvedores de conteúdo. Há os acreditam em mensagens subliminares. È comum, os heróis dos cartoons norte-americanos, orgulhosos de pertencer à sua pátria, constantemente se verem envolvidos pela bandeira dos EUA. Os heróis são sempre o cidadão-típico americano, de Batman a Superman, com superpoderes ou ferramentas inusitadas, todos vivem uma espécie de “sonho americano”, com residência fixa em algum estado do dito país. Há uma batalha de audiência e preferência entre esses heróis conhecidos e os ineditismos trazidos pelos asiáticos. Na programação televisiva é corriqueiro se deparar com produções do gênero vindas do Leste Asiático, os mangás fazem sucesso num amplo leque de idades; e independente da ‘falta de receptividade’ estadunidense têm tido muita notoriedade. Lembramos de Arrighi, seus ciclos hegemônicos e sua sutil referência à possibilidade de uma nova potência hegemônica se originar no Leste Asiático…

Ainda no tema de desenhos animados: O Brasil durante o governo Getúlio Vargas (1930-1945), tinha um projeto político que consistia na industrialização política e militar do país. O duplo jogo de Vargas, mantido face ao imperialismo norte-americano e alemão era a decorrência desse projeto. Getulio muito matreiro, conhecendo a germanofobia americana, dissimulou uma aproximação com o 3º Reich. Logo os americanos começaram a negociar com o governo. Fizeram várias concessões para que o Brasil pudesse fechar um acordo pró-aliado. Em todos os sentidos os Estados Unidos buscaram uma integração com o povo brasileiro. Do cinema ao rádio. Em 1941, Walt Disney iniciou uma peregrinação pela América Latina, como parte da política de boa vizinhança adotada pelo governo dos Estados Unidos desde o início dos anos 1930. A viagem também carregava o claro objetivo de angariar a simpatia dos países candidatos a integrar o grupo dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Foi desse caldo de interesses político-militares que surgiram personagens como Zé Carioca (Brasil) e Panchito (México). Walt Disney criou o Zé Carioca como uma maneira de integrar a ave símbolo do Brasil com o famoso Pato Donald americano. Carmem Miranda (portuguesa de nascimento) com o seu “o quê que a baiana tem” passou a ser a namoradinha da América. Esses entre outros recursos foram utilizados pelos americanos para seduzir a opinião publica brasileira. Fechado o acordo, o governo brasileiro cedeu aos americanos o terreno para a construção da base militar americana de Natal no RN. Mesmo enquanto usavam essa galeria de personagens a favor de suas tropas ou contra os Aliados, os países do Eixo proibiram a circulação de quadrinhos Disney em seus territórios. A exceção coube à Itália, por um motivo tão simples quanto irônico: o ditador fascista Benito Mussolini era fã declarado dos personagens de Walt Disney.

O que a análise pós-estruturalista aponta é que a ortodoxia de nossos mundos, social e político, é recriada no processo de escrita, no estilo dos textos através dos quais nossas compreensões dominantes do mundo têm sido construídas.

Shapiro conclui com a elucidação valiosa de que uma prática textual politicizadora é, portanto, não meramente uma questão de introduzir um vocabulário epistemológico alternativo, mas está intimamente conectada com uma oposição radical aos moldes de significado que destextualiza e, por meio disso, remove formas de poder e autoridade.

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